Procurado: profissional full stack

Peterson F. dos Santos
4 min readMar 14, 2018

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Por que o perfil full stack se destaca no mercado de tecnologia?

O canivete suíço: ferramenta multidisciplinar cobiçada no mundo todo

Você já viu um canivete suíço?

No fim do século 19, o exército da Suíça encomendou um aparelho que atendesse às seguintes necessidades: resistência, facilidade de transportar e versatilidade. Recorreu-se a profissionais para resolver essa equação e surgiu uma peça que trazia a lâmina de um canivete e…abridor de latas, chave de fenda, saca-rolhas, serra, alicate, palito de dente, pinça, gancho de pesca, lente de aumento, uma pequena bússola…Ufa!

A engenhoca multiuso ganhou o mundo conforme as pessoas se encantavam por tamanha utilidade e tornou-se cobiçada em outros exércitos, nos lares, nos esportes de aventura, entre equipes de resgate…

Era a união perfeita entre qualidade, quantidade e funcionalidade em um só objeto na palma da mão.

Então a tecnologia transformou o mundo e com ele mudaram as necessidades dos clientes. O canivete do exército suíço foi lá e evoluiu respondendo a essas necessidades — e hoje alguns modelos incluem até pen drive, laser para apresentações corporativas, bluetooth, caneta pressurizada, desencapador de fios elétricos (?!).

O canivete suíço sabe fazer tudo e é disputado por muita gente. Ele é full stack!

Hoje, no século 21, as empresas — principalmente as de tecnologia — vivem ansiosamente na expectativa de encontrar esse tipo de profissional que imita o conceito do canivete suíço.

Profissionais full stack são multidisciplinares. Eles conseguem atuar em todos os processos de um projeto. Possuem várias habilidades e dominam várias linguagens. São capazes de acompanhar a execução de um plano do início ao fim. Eles atuam tanto em front-end quanto em back-end.

Mas sem drama! Eles se adaptam a cenários distintos, eles seguram bombas.

Eles são mais ou menos como o célebre canivete. São mais ou menos aquele sapateiro da Idade Média, um sujeito artesão que fazia o molde, cortava o couro, costurava as peças e realizava sozinho as diversas tarefas que resultavam na fabricação do sapato. O cara que sabia fazer um sapato inteiro foi um dia apanhado pela Revolução Industrial, que dividiu os trabalhadores num sistema de produção no qual cada indivíduo se concentrava em uma etapa apenas e não em toda a cadeia. Aí surgiu o especialista em uma coisa só!

Se ele já existiu e teve seu momento, por que chegamos no século 21 querendo novamente o full stack, tão bem representado na Idade Média?

Uma pesquisa feita pela CBInsights já dá a dica: uma equipe mais enxuta — porém com diferentes conjuntos de habilidades — é o ideal para o sucesso de uma startup.

Pois é, o mercado de desenvolvimento atual está vivendo novas combinações. Elas pedem times que concentrem mais interdisciplinaridade entre um número menor de pessoas. À medida que as companhias ficam mais horizontais, torna-se possível aos profissionais do time dominarem o processo completo de trabalho. E se a mesma pessoa que fala de negócios com os clientes é a que analisa e desenvolve o software, identificando ajustes e soluções, as coisas caminham de maneira mais sensata e o produto nasce mais adequado à necessidade do cliente, além de gerado por um time enxuto.

O profissional full stack mirou nos exemplos ‘faz tudo’ do artesão e do canivete e tem a habilidade de captar o suficiente de muitas coisas e, enfim, fazer conexões.

Assim, ele é capaz de entender da regra do negócio para sugerir tecnologias e linguagens e tirar a solução do campo das ideias, transformá-la em código, e depois em um produto: um aplicativo mobile ou um software totalmente novo.

Expertise técnica, curiosidade, senso crítico e inteligência emocional — o full stack tem tudo isso.

Então, como ser um full stack?

Antes, perceba: ser full stack é mais que ter conhecimento técnico. É ter habilidades sociais, senso crítico, jogo de cintura, inteligência emocional para trabalhar sob pressão. É ter compreensão de que se deve estar em constante atualização.

Mais que multidisciplinar, é ser interdisciplinar — ou seja: saber fazer conexões entre conhecimentos, olhar o código e compreender quando precisa melhorar e se precisa melhorar.

Ser full stack é fazer a conexão entre o técnico, o crítico e o emocional.

Graduação? Ok, ok…Mas é fundamental ser autodidata. Steve Jobs, Abraham Lincoln, Henry Ford, Einstein…O que eles tinham em comum? Eram autodidatas.

O mercado estende tapetes vermelhos para o profissional full stack com inúmeras possibilidades e oportunidades. Ele raramente ficará sem uma boa colocação. Ser um profissional multidisciplinar não é tarefa fácil, mas é o futuro!

Na ateliware, também somos full stack. Nossos artesãos de software são distintos entre si a ponto de enriquecerem uns aos outros! Acreditamos que assim mudaremos o mundo.

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Peterson F. dos Santos

CEO of Trio, partner at ateliware. Programming, product management, open source, open data and internet.