Três abordagens estratégicas para o Open Banking Brasil

Peterson F. dos Santos
Trio HeadQuarters
4 min readJul 13, 2021

Colagem: Claudia Bär

Sempre que surge uma inovação, é comum ficar na superfície do hype e, ainda assim, achar que está surfando na crista da onda.

Geralmente ficamos tão absortos com a novidade em si, que esquecemos de olhar para o que vem depois, para quais experiências, produtos e serviços podem ser criados e desenvolvidos a partir daquela inovação.

Colocando em perspectiva o processo de implementação do Open Banking no Brasil — que muitas pessoas falam ser a grande próxima revolução do setor financeiro — ao contrapormos a nossa experiência em ajudar as instituições financeiras neste processo, percebemos esse hype atrapalhando muitas instituições, que acabam perdendo a oportunidade de enxergar o que, de fato, o Open Banking traz: democratização de acesso e foco nos seus clientes.

Mapeamento estratégico

Conversamos com mais de 50 instituições financeiras ao longo destes últimos meses e isso nos ajudou a mapear algumas abordagens e principais características de cada uma delas. Entre os fatores para avaliar consideramos: o desafio de infraestrutura de tecnologia, quantidade de pessoas para implementação, maturidade do negócio no uso de dados, capacidade de distribuição de novos produtos entre outros.

Visualmente representamos as abordagens desta maneira:

Passiva: a abordagem mais adotada nas instituições.

Abordar o Open Banking de forma passiva é quando a instituição está preocupada somente com as obrigações regulatórias do processo de implementação, ou seja: infraestrutura de tecnologia necessária, time para realizar implementação dentro das normas e outros desafios que surgiram decorrentes da regulamentação, para serem resolvidos internamente.

É o que estamos vendo em mais da metade dos bancos e IPs do mercado. Geralmente a instituição não está acostumada a oferecer serviços de integração robustos utilizando API (application programming interface) e muito menos familiarizada em colher dados para a tomada de decisões. Quem atua passivamente possui um desafio enorme, pois está se atualizando como nunca do ponto de vista de cultura, estratégia e tecnologia para se adaptar e não ficar para trás. Sobrará tempo para encarar mais desafios, levando toda essa inovação para fora da equipe de TI e para os clientes?

Ativa: abordagem right-on-time.

Esta abordagem é, na minha opinião, ideal para o momento em que estamos. Pois além de atender todas as obrigações regulatórias do Open Banking Brasil, a instituição já está adaptando seus processos internos e equipe dedicada para pensar em novos produtos e serviços, colocando de fato o cliente no centro da experiência.

Geralmente instituições que já possuem um diferencial estratégico, estão preparadas do ponto de vista de tecnologia, pois estão acostumadas a distribuir produtos de forma moderna. Porém, possuem um grande desafio do ponto de vista de tecnologia pois o momento pede uma rápida adaptação de processos, de ferramentas internas, além da preocupação em utilizar de maneira ética e segura as informações de novos clientes através do Open Banking.

Beyond (além): o segredo do sucesso.

Esta abordagem, de todas talvez seja o sweet spot e a forma ideal de pensar a tecnologia para Open Banking no longo prazo. É nela que moram as grandes oportunidades, pois além de estar criando novos produtos e serviços focados no cliente, os bancos e instituições que enxergam além buscam formas de incrementar ainda mais esta fidelidade com parcerias em mercados adjacentes ao setor financeiro, possibilitando cada vez mais o desenvolvimento de novos canais de evolução contínua. Exemplo disso são instituições que oferecem crédito como serviço: a estratégia deixa de ser somente distribuição para o cliente final, se posicionando como uma plataforma de fato.

Instituições neste fase não estão preocupadas somente em adquirir novos clientes, mas estão preocupadas em distribuir de maneira efetiva seus produtos e serviços através das parcerias estabelecidas, diminuindo custo de aquisição e levando produtos inovadores onde antes parecia impossível. Hoje, mais do que nunca, fica claro que estamos num mundo mais colaborativo, com espaço para mais players somarem, juntos.

Conclusão

Não é meu papel apontar qual a melhor abordagem, o que é certo ou errado para cada caso. Esta foi parte da nossa percepção na Trio trabalhando e ajudando as instituições ao longo dos últimos meses.

Mas o fato é que empresas que estão olhando além do Open Banking e já se posicionam de forma diferente no mercado — e têm colhido frutos advindos deste posicionamento.

Minha dica é não deixar se levar pelo hype focando somente nos desafios atuais ou fechando seu leque de opções. Os desafios são importantes, mas não são eles que levarão a instituição onde você trabalha para o próximo patamar.

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Written by Peterson F. dos Santos

CEO of Trio, partner at ateliware. Programming, product management, open source, open data and internet.

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